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Carta da Mata Atlântica: um chamado à adaptação e à responsabilidade na COP30

Casa da Mata Atlântica é lançada na COP30 com apelo por urgência na conservação e entrega de carta ao Ministério do Meio Ambiente

Espaço sediado na Unama, em Belém, propõe diálogo entre ciência, políticas públicas e comunidades. Durante a abertura, Rede de ONGs da Mata Atlântica entregou ao MMA a “Carta da Mata Atlântica na COP30”, documento que cobra ações concretas para frear o desmatamento e fortalecer a adaptação climática.

A Mata Atlântica abriu oficialmente sua participação na COP30 nesta quarta-feira (12), com o lançamento da Casa da Mata Atlântica, instalada na Universidade da Amazônia (Unama), no Umarizal, em Belém (PA). O espaço, promovido pela Rede de ONGs da Mata Atlântica (RMA), será sede até sábado (15) de uma ampla programação gratuita que une ciência, arte e políticas públicas em torno da defesa do bioma mais ameaçado e estratégico do Brasil.

O evento de abertura, que teve como tema “A Amazônia recebe a Mata Atlântica”, reuniu pesquisadores, gestores públicos, lideranças comunitárias, artistas e parlamentares, como os deputados federais Nilto Tatto e Ivan Valente, o secretário substituto da Secretaria Nacional de Biodiversidade, Florestas e Direitos Animais do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), Carlos Eduardo Marinello, o economista e professor da Unama, João Cláudio Arroyo, e a coordenadora-geral da RMA, Tânia Martins. A atriz Lucélia Santos e a jornalista Cristina Serra, que vai lançar o livro “Cidade Rachada”, também participam da programação.

Durante a cerimônia de lançamento, foi entregue ao MMA a “Carta da Mata Atlântica na COP30 na Convenção do Clima”, documento que sintetiza décadas de luta socioambiental e reforça a urgência de implementar políticas efetivas de conservação e adaptação.

O texto foi recebido pelo secretário Carlos Eduardo Marinello, que reconheceu a relevância das propostas.

“A Carta que recebemos é bastante aderente à realidade nacional e aos desafios que o Brasil enfrenta neste século para lidar com as questões socioambientais, com um olhar muito atento para a Mata Atlântica. Vamos encaminhá-la à ministra Marina Silva e dar continuidade ao trabalho conjunto com as organizações que atuam neste bioma essencial”, afirmou Marinello.

 

CARTA DA MATA ATLÂNTICA

O documento entregue ao MMA traça um panorama histórico e crítico da degradação da Mata Atlântica — bioma que já perdeu quase 70% de sua cobertura original e hoje abriga 72% da população brasileira e 80% do PIB nacional.

A carta destaca que “não há mais espaço para investimentos perversos” e cobra medidas urgentes para alcançar o desmatamento zero, a efetivação do Fundo de Restauração da Mata Atlântica e a ampliação das unidades de conservação.

O texto alerta ainda para os impactos de tragédias climáticas recentes no país, como as enchentes no Rio Grande do Sul, e critica a lentidão das respostas internacionais às emergências ambientais.

“Urgência é a palavra que deveria pautar as decisões nesta COP30”, reforça o documento, que encerra com um apelo: “Salvar a Mata Atlântica é salvar o próprio futuro do Brasil.” Clique aqui e acesse a Carta na íntegra.

Vozes da conservação

Em sua fala, a coordenadora-geral da RMA, Tânia Martins, destacou que o evento é um marco na valorização do bioma dentro da agenda climática global.

“A Mata Atlântica está em 17 estados e desaparece rapidamente sob o avanço do desmatamento e da ocupação irregular. Trazer este debate para a COP30 é fundamental. Todos os biomas são importantes para que o Brasil seja reconhecido como um país que preserva suas florestas e sua biodiversidade.”

O deputado Nilto Tatto, histórico militante socioambiental, ressaltou o papel da sociedade civil na defesa da floresta.

“A luta pela Mata Atlântica é um exemplo de resistência. Com apenas 12% de cobertura original preservada, a mobilização das entidades e redes de defesa ambiental é o que mantém viva a esperança de um modelo de desenvolvimento que não destrói, mas protege a vida.”

Já o economista e professor da Unama, João Cláudio Arroyo, lembrou que a relação entre ecossistemas e pessoas deve orientar o futuro da sustentabilidade.

“Os ecossistemas e as pessoas precisam se integrar. A Mata Atlântica foi o bioma mais castigado desde o início da colonização. É essencial que as lições aprendidas com ela sirvam também à proteção da Amazônia.”

Além da cerimônia de lançamento, a programação contou com painéis sobre “Estratégias de financiamento colaborativo para gerir a crise climática”; “Oportunidades e mecanismos de financiamento para conservação e mitigação”; “Boas práticas de monitoramento e avaliação de impacto socioambiental”; “A atuação das mulheres do litoral cearense na luta por justiça climática e de gênero”; e “Educação ambiental em novos regimes climáticos”.

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