Em 1993, em um trecho montanhoso do litoral baiano, numa área de quase 6 mil hectares de Mata Atlântica, um grupo de pesquisadores da UFRJ fizeram coletas e gravações de canto do que julgaram serem espécimes do pássaro macuquinho-preto.
Agora, em agosto de 2014, foi publicado artigo na The Auk, publicação científica da União dos Ornitólogos Americanos, esclarecendo que na verdade trata-se de uma nova espécie de ave: o macuquinho-preto-baiano (Scytalopus gonzagai). Ele é endêmico deste trecho do litoral baiano, possui apenas 12 centímetros de comprimento e coloração predominante escura. Difere de outros macuquinhos pelo ritmo de canto mais forte e tipos de vocalização.
“O macuquinho-preto-baiano difere dos seus parentes também por tamanho e coloração, o que é um fato notável para o gênero”, conta Marcos Ricardo Bornschein, ecólogo da Universidade Federal do Paraná e pesquisador associado do Mater Natura – Instituto de Estudos Ambientais de Curitiba (PR), e um dos autores da descrição da ave. Ele explica que essas diferenças são incomuns entre espécies do gênero Scytalopus, as quais costumam ser muito parecidas, com variações apenas genéticas e na forma de cantar.
Somente a partir de 2004 os registros começaram a ser estudados sistematicamente. “Ao longo do estudo percebemos que se tratava de uma nova ave do gênero Scytalopus“, diz o autor principal do artigo, Giovanni Nachtigall Maurício, professor do curso de Gestão Ambiental da Universidade Federal de Pelotas (RS). Estes estudos culminaram com uma expedição em 2006, que teve apoio da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza.
A estimativa dos pesquisadores é que existam menos de três mil indivíduos, número considerado baixo para aves, o que já o coloca dentro da categoria de espécies ameaçadas de extinção, segundo os critérios da IUCN – União Internacional para a Conservação da Natureza.
((O)) ECO
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