Mosaico-Bocaina

Mosaico Bocaina quer conciliar biodiversidade, cultura e desenvolvimento regional no maior trecho da Mata Atlântica

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Jornal Angra News

Com seus grandiosos 250 mil hectares entre o litoral paulista e carioca, o Mosaico da Bocaina é um conjunto de 18 Unidades de Conservação e áreas de comunidades tradicionais, como quilombolas e indígenas, com um importante sistema de planejamento integrado para sua gestão. No final de agosto, o Conselho Gestor do Mosaico assume a nova coordenação, mas para efeito de conservação ambiental os resultados dessa grande área protegida já trazem esperança para a Mata Atlântica, cujos remanescentes mais significativos encontram-se justamente entre o litoral do Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná.

A complexidade da gestão em um território tão diverso pode ser notada, por exemplo, na necessidade de proteção da biodiversidade frente aos impactos de projetos de desenvolvimento como o da exploração de petróleo na área do Pré-Sal. Seus efeitos diretos e indiretos nas áreas naturais passam a ser tema de análise pelo Observatório Regional do Pré-Sal, criado em 2014 no âmbito do Mosaico Bocaina, para justamente se constituir numa plataforma participativa, com diretrizes calaras para a conservação do litoral frente às atividades de exploração. A mesa de debates inclui o Mosaico Bocaina, o Comitê de Bacia Hidrográfica da Baía da Ilha Grande, Petrobrás, Ibama, e os principais atores relacionados ao empreendimento.

De fato, os Mosaicos vêm se constituindo em “agências” indutoras do desenvolvimento territorial sustentável, podendo executar diretamente projetos socioambientais, até articular a participação de diferentes segmentos sociais, a exemplo dos povos e comunidades tradicionais que compõem a Bocaina: caiçaras, agricultores familiares, quilombolas e indígenas, com papel chave na conservação dos recursos naturais, para além dos limites das Unidades de Conservação.

“Nos últimos anos houve um esvaziamento do tema Mosaico dentro da estrutura institucional dos órgãos ambientais e, em geral, uma ausência de apoio para a gestão. Mas estamos nos organizando e alguns resultados interessantes têm sido alcançados, com boas práticas que já podem ser mostradas”, afirma Felipe Spina, consultor da FAO que atua na Secretaria Executiva do Mosaico Bocaina.

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Um exemplo vem sendo a organização do turismo de base comunitária, que contou com um momento de fortalecimento no I Encontro de Turismo de Base Comunitária da Costa Verde, este ano, com diferentes atores regionais. Por manter praticamente todos os ecossistemas associados da Mata Atlântica, de campos de altitude a ambientes insulares e costeiros, a Costa Verde é ao mesmo tempo área prioritária de conservação e destino exclusivo, que atrai milhares de turistas anualmente. São mais de 500 mil pessoas por ano visitando as paisagens naturais e o patrimônio histórico e cultural da região, principalmente em Angra dos Reis e Paraty (RJ) e Ubatuba (SP).

Já a iniciativa conhecida como Projeto BIG – FAO vem concentrando ações na Baía da Ilha Grande, com um projeto de Gestão Integrada dos Ecossistemas, do qual o Mosaico é parceiro, conjuntamente à Secretaria de Estado do Ambiente do Rio de Janeiro (SEA), do Instituto Estadual do Ambiente (INEA) e da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), com o financiamento do Fundo Mundial para o Meio Ambiente (Global Environmental Fund – GEF).

A ideia é criar um modelo de conservação e uso sustentável de longo prazo, nos ambientes continentais e marítimos da Ilha Grande, o que pode acontecer com a própria gestão das áreas protegidas e a estruturação do Mosaico Bocaina, mitigando conflitos e sobreposições que ainda ocorrem na região.

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