Defensores da Mata Atlântica ligados à RMA viram pouco avanço no G-20
Por Tânia Martins
Ainda não foi desta vez que os países que compõe as 20 maiores economias globais, o G-20 avançou na pauta climática, provavelmente, também não será a última já que 80% dos países representados no grupo são também os maiores poluidores do planeta e possuem poder econômico/bélico inquestionáveis.
Representando no evento a sociedade civil, também ligado a Academia e a Rede de Ongs da Mata Atlântica, João de Deus Medeiros, considerou que do ponto de vista da representatividade da participação da sociedade civil, foi um sucesso, 47 mil pessoas de diversos segmentos que buscaram se encaixar nos eixos propostos: Combate a Fome, à Pobreza e às Desigualdades, Sustentabilidade, Mudanças do Clima e Transição Justa, além de Reforma da Governança Global.
Em relação às questões ambientais, a grande critica foi quanto à indisposição das grandes potências econômicas mundial em não aceitarem pagar a conta de combate ao aquecimento global dos países pobres e em desenvolvimento, embora sejam eles os que mais contribuem com a emissão de gases de efeito estufa na atmosfera.
Segundo João de Deus, “a participação na elaboração do documento, “declaração final” foi relativamente limitada em relação a mudanças climáticas, gerando frustração do público”, disse, criticando o pouco destaque da participação dos movimentos socioambientais que ali estavam no documento. “Apenas a indicação da criação do Fundo Floresta Tropical para Sempre (TFFF) surge como uma sinalização objetiva” comentou.
Trata-se de um fundo inovador, idealizado no Brasil, que visa criar um mecanismo de financiamento de conservação das florestas dos países pobres e em desenvolvimento. A ideia é a partir de imagens de satélite acompanhar a cobertura vegetal e realizar o pagamento por hectares plantado. Apesar de a aceitação ter sido boa, não houve avanço. “Nenhuma indicação de medida concreta de como faremos esse enfrentamento, surgiu no documento”, diz João de Deus, ainda, “A transição justa ficou, mais uma vez, só no documento, incluindo manifestações de setores da sociedade defendendo a manutenção do atual modelo, sob o argumento que setores do carvão, petróleo e gás pagam salários melhores do que a média do mercado”.
Na avaliação de João de Deus, ficou claro que mitigar mudanças climáticas não está nos programas de governo dos prefeitos que, no evento organizado dentro do G20, o Urban20, reivindicaram e conquistaram acesso facilitado aos recursos de fundos e programas internacionais quando as cidades sofrem consequências dos eventos climáticos extremos. “Procuram reproduzir esse falido modelo existente hoje, onde prefeitos se aproveitam dos desastres para ter acesso facilitado a recursos públicos e, com a decretação de calamidade pública, encontram caminho livre para fugir dos mecanismos de controle”, relata.
Sobre o eixo Reforma da Governança Global, na opinião do professor, não se trata de demanda da sociedade civil e sim do governo. “Ficou resumida a algumas falas de representantes do governo que, em síntese, refletem muito mais uma estratégia para ampliar e conseguir vagas no Conselho de Segurança da ONU do que uma real reforma da governança global”, aposta.
Renato Cunha, do Grupo Ambientalista da Bahia e também da RMA fez uma breve análise, em vídeo, do G20, chamando atenção para as responsabilidades dos governantes em se esforçarem para combater as mudanças climáticas e se preocuparem em realizar em seus municípios, uma transição energética justa. (Assista aqui)
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