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  1. Debate sobre o futuro da Mata Atlântica marca encontro entre RMA e Ministra do Meio Ambiente

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    RMA_MMA

    Com o objetivo de estabelecer uma agenda nacional para a Mata Atlântica a coordenação da Rede de ONGs da Mata Atlântica (RMA) reuniu-se no último dia 24 de fevereiro com a Ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira, o deputado federal Nilto Tatto, que mediou o encontro, e representantes de ONGs afiliadas da RMA. A reunião foi idealizada em encontro de planejamento anual que a RMA realizou em dezembro de 2014, e teve por objetivo cobrar resultados efetivos na proteção do bioma, considerando todos os planos e as metas já construídas anteriormente, em conjunto pela Sociedade Civil e o MMA.

    “Esta agenda estrutural independe de pessoas e partidos, mas sim de uma defesa consistente de medidas firmes de proteção, restauração, uso sustentável e ampliação da consciência ambiental na sociedade brasileira, que devem ser implementadas com uma agenda de longo prazo”, expressa Rui Rocha, do Instituto Floresta Viva sobre a importância da reunião.

    Após apresentar os principais pontos da Carta de Iperó (acesse a carta aqui), originada do planejamento estratégico da RMA, em dezembro de 2014, os representantes da rede ouviram o posicionamento da ministra em relação aos principais desafios para o bioma, as conquistas realizadas e as propostas de atuação futura e conjunta com a sociedade civil. O principal foco da Carta de Iperó está na meta de restauração de, ao menos, 30% da área original da Mata Atlântica, hoje muito degradada, e foi levado ao Ministério o questionamento sobre quais ações o governo possui para recuperar o bioma ameaçado, onde vive a maioria da população brasileira e onde a crise hídrica surge como principal consequência desta degradação do bioma.

    Destacou-se ainda a necessidade de fixar um prazo limite para a conclusão da consulta pública aberta para o Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa (Planaveg), além da importância do plano estabelecer estratégias e metas prioritárias, e de avanços no Cadastro Ambiental Rural (CAR), até o momento com poucos registros e incentivos técnicos. E finalmente a importância dos Planos Municipais de Mata Atlântica (PMMAs) e dos desafios financeiros e técnicos para os municípios assumirem o financiamento de sua efetiva implementação, bem como os decorrentes da descentralização nos processos de licenciamento ambiental. Foi salientado que falta perspectiva para implementação dos PMMAs elaborados, o que se deve a não regulamentação do Fundo para Restauração da Mata Atlântica.

    Para a ministra Izabella Teixeira há uma série de desafios que impedem o avanço na conservação e restauração do bioma. Confirmando o que a RMA descreve na carta de Iperó, de que há uma negligência do governo federal com o meio ambiente, Izabella diz que há uma grave crise no Sistema Nacional de Meio Ambiente (Sisnama), e este não dialoga, por exemplo, com o Sistema Nacional de Recursos Hídricos; o Sistema Florestal Brasileiro também possui dificuldade de funcionamento, pois não há fiscalização nos Estados, que deveriam ter a maior responsabilidade neste caso, e pouco diálogo com o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Snuc). Em sua fala houve destaque para a necessidade de construir um novo modelo de governança onde os sistemas interajam e se conheçam, assim como uma nova pactuação entre sociedade e governo para uma gestão sustentável.

    A sociedade esperava que este fosse o papel do governo, porém, a prática tem sido outra, o diálogo aberto e transparente tem sido cada vez uma raridade. “A compensação ambiental também não tem funcionado como se esperava, apesar de haver, hoje, cerca de 1 bilhão de reais de compensação sem aplicação, pois não existe um procedimento claro para aplicação desses recursos. Hoje o MMA busca legalizar esta aplicação”, disse a ministra. Como aspectos positivos, ela enfocou a aplicação de R$ 347 milhões para a execução do CAR nos Estados e destacou que o INCRA se comprometeu em executar o cadastro em 7,2 mil assentamentos rurais até dezembro de 2015. O Ministério do Desenvolvimento Agrário também criou uma agência de ATER para apoio à implementação do CAR. Segundo a ministra, há 40% de área agriculturável no país no âmbito do CAR, incluindo pequenos, médios e grandes proprietários, e em breve será veiculada uma campanha nacional para adesão ao cadastro. Em relação às Unidades de Conservação (UCs), o assunto é sensível segundo ela, pois o atual modelo de Áreas Protegidas não tem funcionado como planejado, havendo muitas categorias de manejo, que tornam ainda mais difícil a gestão dessas UCs. O ICMBio é de difícil administração e mesmo com o aumento de servidores no MMA, por exemplo, seria necessária uma política de transferir os analistas ambientais para as UCs situadas no interior do país.

    Como propostas, Izabella lembrou que apesar de resistências do governador do Piauí para criar uma Unidade de Conservação na região da Serra Vermelha, já há um plano de manejo para a exploração da vegetação autorizado pelo Serviço Florestal Brasileiro, o qual está sob questionamento na justiça federal, e que deveria haver maior mobilização da sociedade no sentido de apoio à proposta de criação da UC. Foi proposta por ela a criação de um Grupo de Trabalho com os presentes na reunião para: rodadas de diálogos abordando o Planaveg e a restauração do bioma frente às áreas de expansão agrícola; apoio do MMA à Semana da Mata Atlântica, enfocando temas que precisem de avanço e debate público; criação de um programa para a Mata Atlântica, como já existe para a Amazônia (ARPA – Programa Áreas Protegidas da Amazônia), visando a gestão e implementação de UCs e mosaicos de áreas protegidas.

    Por outro lado, a RMA sente que houve um retrocesso na agenda de diálogo quando a mídia divulga que a ministra solicitou a aprovação do PL 7735 ao senador Renan Calheiros, ferindo os direitos dos povos tradicionais e de todos os segmentos que lutam pelo aprimoramento da atual versão do PL aprovado na Câmara. Grandes projetos de infraestrutura com licenciamento ambiental frágil também afetam a credibilidade de agências ambientais como o IBAMA.

    “Com a reunião, a RMA cumpriu seu papel de diálogo com a liderança ambiental do governo brasileiro, mas reivindica que o governo tem de demonstrar efetivamente seu compromisso com a conservação e restauração da natureza brasileira, incluindo ações socioambientais para a sustentabilidade do país”, afirma Beloyanis Bueno, Coordenador Geral da RMA.

  2. Crise hídrica: por um Plano de Emergência para o Estado de SP

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    A Aliança pela Água, rede formada por mais de 40 entidades da sociedade civil, está reunida desde outubro de 2014 para alertar e apresentar propostas que ajudem o estado de São Paulo a lidar com a crise atual e construir uma nova cultura de uso, economia e conservação de água. Com este olhar, a Aliança divulgou o documento “Chamado à Ação sobre a Crise Hídrica: por um Plano de Emergência para o Estado de SP“. No documento (acesse), a Aliança alerta que nas atuais circunstâncias e “com uma sociedade cada dia mais sensível ao tema, é inaceitável que os diversos níveis de governo e os vários setores econômicos ainda não tenham se unido para elaborar um abrangente Plano de Emergência a fim de mitigar os efeitos da crise e garantir o abastecimento de água para consumo humano durante a estiagem de 2015, que começa em março/abril.”

    O documento também descreve as etapas para se chegar a este Plano de Emergência:
    I. Instalação de uma Força tarefa para gestão de crise em âmbito estadual com participação de municípios e sociedade;
    II. Plano articulado e coordenado de Gerenciamento de Oferta de Água;
    III. Comunicação institucional, com foco em educação, autonomia hídrica,
    engajamento e mídia;
    IV. Discutir e detalhar alternativas emergenciais e de médio prazo para garantir
    abastecimento de água;
    V. Pacto social pelo desmatamento zero e recuperação das áreas de mananciais
    do estado de São Paulo,
    discorrendo sobre cada uma dessas etapas e apresentando também uma análise de presente e futuro.

    O texto defende que “uma crise de grandes proporções como a que estamos vivendo cria oportunidades para profundas mudanças de paradigma na gestão da água a partir de três princípios básicos: a água é um direito humano e não pode ser tratada como mercadoria; todos os governos têm responsabilidade sobre a água e prestam um serviço à população; e os planejamentos hídricos devem necessariamente considerar a recuperação e recomposição dos mananciais e das atuais fontes de água.”

    A partir da segunda quinzena de fevereiro, a Aliança pela Água dará início a uma série de publicações técnicas, eventos, audiências e aulas públicas em diferentes regiões de São Paulo e em municípios abastecidos pelo Sistema Cantareira a fim de qualificar o debate, aprofundar a percepção sobre as causas da falta d’água, mobilizar a sociedade e para contribuir com soluções e exigir que o poder público gerencie a crise de forma adequada.

    Todos os detalhes estão no documento (acesse aqui).

    Com informações do site da Aliança pela Água.

  3. Participe do Plano de Mata Atlântica de São Paulo

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    Na próxima quarta-feira (21), às 9h30, a Prefeitura anunciará o Plano Municipal de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica (PMMA) da cidade de São Paulo e a assinatura do Termo de Cooperação Técnica com a Fundação SOS Mata Atlântica.

    O evento será no Parque Trianon e contará com a presença do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, dos secretários municipais Wanderley Meira do Nascimento, do Verde e do Meio Ambiente, Fernando de Mello Franco, de Desenvolvimento Urbano, e Ricardo Teixeira, de Coordenação de Subprefeituras.

    As diretrizes do processo de construção do Plano foram definidas pela Prefeitura de São Paulo, através de um Grupo de Trabalho Intersecretarial, sob a coordenação da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente, em parceria com as Secretarias Municipais de Desenvolvimento Urbano e de Coordenação das Subprefeituras.

    Com desenvolvimento previsto no novo Plano Diretor Estratégico (PDE) do município, sancionado em 2014, o PMMA deve apontar ações prioritárias e áreas para a conservação e recuperação da vegetação nativa e da biodiversidade da Mata Atlântica, baseando-se no mapeamento dos remanescentes existentes no município.

    O Plano também será capaz de fornecer subsídios ambientais para a elaboração de outros planos e programas na capital, a exemplo dos Planos Municipais de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário e de Áreas Prestadoras de Serviços Ambientais.

     

    Participação social

     

    Vale destacar que o processo de construção do PMMA se dará de forma transparente e participativa. O Plano será desenvolvido por meio de uma Comissão Especial criada dentro do Conselho Municipal do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (CADES), com representantes do poder público, da iniciativa privada, do terceiro setor e da sociedade civil. O GT responsável pelos trabalhos em parceria com esta comissão realizarão diversas Oficinas Públicas para implementar um processo amplamente participativo na construção do PMMA.

     

    Qual a importância dos PMMAs?

    No Brasil existem 3.410 municípios ocupando total ou parcialmente a área da Mata Atlântica, que depois da Floresta Amazônica é o bioma mais rico em biodiversidade do planeta. Devido a sua situação atual de fragmentação e degradação, decorrentes da falta de planejamento, intensidade da ocupação e uso não sustentável dos recursos naturais, é impossível visualizar sua conservação e recuperação sem a contribuição efetiva dos municípios.

    O município de São Paulo está totalmente inserido no bioma Mata Atlântica. Hoje a cidade possui 1.502 km², com uma mancha urbana enorme e em expansão, afetando diversos tipos de ambientes. Cerca de 40% deste território possui cobertura vegetal relevante e deve ser protegida, pois promove vários serviços ambientais, como a manutenção do ciclo hidrológico, fertilidade do solo, proteção das áreas de risco, produção e limpeza da água, manutenção da qualidade do ar, sequestro de carbono, equilíbrio climático e proteção da diversidade biológica da fauna e da flora.

     Com informações da Secretaria do Verde e do Meio Ambiente – Prefeitura São Paulo

  4. Leve o documentário sobre o Código Florestal para sua cidade

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    Quer exibir em sua cidade o documentário “A Lei da Água”, que retrata a polêmica sobre o novo Código Florestal? Seja um embaixador! Organize um cinedebate e leve o filme para o cinema de sua cidade a partir de março/2015.

    Acesse http://bit.ly/aleidaagua.

    O filme retrata as mudanças na legislação que prevê o que deve ser conservado e pode ser desmatado nas propriedades rurais e cidades brasileiras. O impacto sobre a capacidade da floresta de proteger mananciais de água e, assim, prevenir crises como as que afetam São Paulo hoje, por exemplo, é um dos temas centrais da produção. Foram entrevistados ambientalistas, cientistas, ruralistas e agricultores, alguns dos quais acompanharam de perto a controversa tramitação da nova lei no Congresso e opinam sobre os impactos, trazendo perspectivas diversas sobre o tema.

  5. Publicação mergulha na produção científica existente para entender importância das florestas e o Código Florestal

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    O Instituto Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) lança a publicação “Código florestal: por um debate pautado em ciência”, de Nurit Bensusan e André Lima.

    As recentes mudanças no Código Florestal, a partir da aprovação da Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012, levantaram o debate sobre as bases científicas de seus dispositivos, principalmente em relação à extensão de áreas a serem mantidas ou recuperadas com cobertura vegetal natural.

    A publicação busca mostrar, a partir da análise de dezenas de estudos científicos disponíveis, que apesar de haver lacunas de conhecimento, as pesquisas e dados já acumulados sobre o assunto trazem fundamentos que permitem tirar importantes conclusões sobre temas como Áreas de Preservação Permanente (APPs),Reservas Legais e outros assuntos relacionados à importância das florestas e de seus serviços ambientais, e que podem fornecer referência para análise do impacto e consequências do Código Florestal brasileiro.

    O livro está disponível para download gratuito, no site do Ipam.

    REFERÊNCIA:
    LIMA A.; BENSUSAN N.; Russ L.: Código Florestal: Por um debate pautado em ciência. Brasília, Dez 2014.

  6. Ave recém-descoberta já está ameaçada

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    Por Gabriel Toscano, do Ciência Hoje

    Espécie de ave nova para a ciência, a patativa-tropeira vive nos campos da mata atlântica e do cerrado. Já é vítima do comércio ilegal de animais silvestres e seu hábitat natural também sofre com a degradação.

    ave

    Uma ave que sequer era conhecida já luta contra sua própria extinção. É a patativa-tropeira (Sporophila beltoni), uma espécie recém-descoberta, que vive exclusivamente no Brasil. Ela corre sério risco de desaparecer antes mesmo de ser estudada pela ciência.

    Foram ornitólogos brasileiros da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) os responsáveis pelo achado. Entre 2003 e 2006, eles estudavam comunidades de aves campestres do sul do Brasil e se depararam com o que pensaram ser a patativa-verdadeira (Sporophila plumbea) em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul. Mas, ao perceber algumas características peculiares dessa ave, os pesquisadores concluíram que se tratava, na verdade, de outra espécie. Era a patativa-tropeira. A descoberta está publicada no periódico norte-americano The Auk, da União Americana de Ornitologistas.

    “Encontramos uma população, que acreditávamos ser de patativa-verdadeira, em um ambiente diferente do mencionado na literatura. Como a espécie não era registrada há muito tempo, resolvemos estudá-la mais detalhadamente”, contextualiza a coordenadora da pesquisa, a bióloga Carla Fontana, da PUCRS. “Mas percebemos que poderia se tratar de uma espécie diferente quando começamos a notar que, além de viverem em outro hábitat, os indivíduos apresentavam comportamentos peculiares.”

    As diferenças de plumagem podem passar despercebidas ao observador não especializado. Mas o bico da patativa-tropeira é facilmente distinguível, por ser amarelo-ouro. Além disso, o canto também é outro.

    Estima-se que hoje existam cerca de 4.500 casais dessa espécie recém-descoberta, um número preocupante, segundo os pesquisadores.

  7. Cidades do Piauí e Minas lideram desmatamento na Mata Atlântica

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    Segundo o Atlas dos Municípios da Mata Atlântica, Manoel Emídio (PI) foi responsável por 13% da supressão do bioma do País no período 2012-2013, com 3.134 hectares.

    Com informações do www.sosma.org.br  – A Fundação SOS Mata Atlântica e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) lançaram nesta quarta-feira (17/12) os dados mais recentes sobre a situação dos 3.429 municípios da Mata Atlântica, com um ranking encabeçado por cidades do Piauí e Minas Gerais. Segundo o Atlas dos Municípios da Mata Atlântica, a cidade de Manoel Emídio (PI), com 3.134 hectares (ha), lidera o ranking no período entre 2012 e 2013. No total geral, o desmatamento teve alta de 9% em relação ao período anterior (2011-2012).

    O estudo, com patrocínio de Bradesco Cartões e execução técnica da empresa de geotecnologia Arcplan, apresenta ainda um consolidado dos últimos 13 anos. Entre 2000 e 2013, Jequitinhonha (MG) foi a campeã de desmatamento, com 8.685 hectares, seguida pela também mineira Águas Vermelhas (6.231 ha) e pela catarinense Itaiópolis (5.639 ha).

    De acordo com o levantamento, cinco dos 10 municípios que mais desmataram a Mata Atlântica no Brasil no período 2012-2013 ficam em Minas Gerais – Estado que liderou o ranking do desmatamento por 5 anos consecutivos, conforme divulgado em maio pela SOS Mata Atlântica e pelo INPE. No Piauí, a cidade de Alvorada do Gurguéia desmatou 2.491 ha no mesmo período, o que a coloca em 2º lugar no ranking nacional. O Estado, porém, também possui os dois municípios mais conservados do Brasil (Tamboril do Piauí e Guaribas), ambos com 96% de vegetação natural, que abrigam parte do Parque Nacional da Serra das Confusões, uma importante Unidade de Conservação da região.

    Marcia Hirota, diretora-executiva da Fundação SOS Mata Atlântica, ressalta a ligação entre a alta verificada nas cidades de Manoel Emídio e Alvorada do Gurguéia e o aumento da produção agrícola no Piauí, que subiu 135,3% no último ano e duplicou as áreas desmatadas de Mata Atlântica. “Este crescimento tem sido um forte motivo de preocupação. Começamos a monitorar o Piauí no ano passado, e ele já entrou no ranking dos maiores desmatadores. Este é um alerta ao Governo do Estado, às prefeituras e ao Ministério Público local para verificar e intensificar a fiscalização na região”, afirma.

    Com base em imagens geradas pelo sensor OLI a bordo do satélite Landsat 8, o Atlas da Mata Atlântica, que monitora o bioma há 28 anos, utiliza a tecnologia de sensoriamento remoto e geoprocessamento para avaliar os remanescentes florestais acima de 3 hectares (ha). Algumas regiões, porém, tiveram a captação de imagens via satélite prejudicada em razão da cobertura de nuvens. Uma das mais afetadas é o Nordeste, onde em Estados como a Paraíba não foi possível verificar a ocorrência de supressão da vegetação nativa.

    “No período 2010-2011, o território do Estado da Paraíba apresentava índices elevados de cobertura por nuvens. Em 2011-2012, só 10% desse território apresentava-se sem nuvens e 11% estava parcialmente coberto. Já em 2012-2013, mapeamos 36% do Estado, sendo que 18% estava parcialmente coberto e 45% sem imagens”, explica Flavio Ponzoni, pesquisador e coordenador do Atlas pelo INPE.

    Planos municipais da Mata Atlântica

    Os municípios têm de fazer sua parte na proteção da floresta mais ameaçada do Brasil e uma das principais formas de contribuir é através da elaboração e implementação dos Planos Municipais da Mata Atlântica. Mario Mantovani, diretor de Políticas Públicas da SOS Mata Atlântica, explica que o plano traz benefícios para a gestão ambiental e o planejamento do município. “Quando o município faz o mapeamento das áreas verdes e indica como elas serão administradas – por exemplo, se vão virar um parque ou uma área de proteção ambiental – fica muito mais fácil conduzir processos como o de licenciamento de empreendimentos. Além disso, é uma legislação que coloca o município muito mais próximo do cidadão, porque também estamos falando em qualidade de vida”, afirma ele.

    Confira os rankings nacionais:

    tabelas atlas dos municipios 2014

    tabelas atlas dos municipios 2014-2

    Além da lista nacional, os rankings estão também divididos pelos 17 Estados situados na área do domínio da Mata Atlântica: Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe.

    Segundo dados do IBGE, no Brasil são mais de 145 milhões de habitantes vivendo em 3.429 municípios com Mata Atlântica.

    Os mapas e a lista completa dos municípios brasileiros avaliados estão disponíveis em: http://goo.gl/yrJFoO

  8. Seguem manobras para tentar aprovar PEC anti-indígena ainda nesta semana

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    Depois de cancelar a reunião da comissão especial da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 215 que aconteceria na tarde de hoje (16/12), o presidente do colegiado, Afonso Florence (PT-BA), negou pedido dos ruralistas para realizar uma nova reunião ainda hoje. A bancada do agronegócio apresentou, então, um novo pedido diretamente ao presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN), para realizar o encontro à revelia de Florence, como aconteceu na semana passada (saiba mais).

    Um grande contingente de policiais foi mobilizado para impedir a entrada de manifestantes no Congresso

    Não há uma nova reunião da comissão formalmente marcada, mas Alves pode analisar o pedido a qualquer momento. Não está descartada, portanto, a hipótese de que o relatório da PEC seja lido e votado, ainda nesta semana, na comissão, que é dominada pelos ruralistas.

    O projeto transfere do governo federal para o Congresso a tarefa de oficializar Terras Indígenas, Unidades de Conservação e territórios quilombolas. Na prática, se aprovado, vai significar a paralisação definitiva dos processos de formalização dessas áreas. Ele também prevê a possibilidade de rever limites e processos de criação desses territórios, entre outros retrocessos.

    Manifestantes indígenas contrários à PEC 215 foram contidos na entrada do anexo 2 da Câmara dos Deputados, no final da manhã. A polícia usou spray de pimenta. A Agência Câmara divulgou que quatro policiais teriam sido feridos. Depois da confusão, o grupo de quase 200 indígenas passou o dia no local aguardando informações sobre a tramitação da PEC.

    Entradas do Congresso foram fechadas logo no início da manhã

    Logo no início da manhã, o acesso a todas as entradas do Congresso foi barrado para qualquer pessoa que não os funcionários, sob ordem da presidência da Câmara. Um grande efetivo de policiais e seguranças foi mobilizado. Até mesmo parlamentares foram impedidos de entrar com convidados.

    No início da tarde, quatro índios foram presos quando chegavam ao Ministério da Justiça. Eles acompanhavam um outro grupo de indígenas que tentava ser recebido pelo ministro José Eduardo Cardozo. Os indígenas presos são acusados de terem ferido policiais durante a confusão na Câmara. Até o final da tarde, os quatro seguiam detidos no Centro de Polícia Especializada da Polícia Civil de Brasília.

    Manobras regimentais

    Ruralistas e alguns parlamentares defensores dos direitos indígenas seguem numa verdadeira batalha de manobras regimentais em torno da PEC. Os primeiros correm contra o tempo e buscam aprovar o substitutivo do deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) até a semana que vem, quando termina a legislatura e o ano legislativo. Se não for aprovado até lá na comissão, ele será arquivado.

    O governo segue ausente das negociações sobre a PEC. Parlamentares da Frente de Defesa dos Direitos Indígenas têm feito contatos constantes com ministros, mas até agora a articulação política do Planalto parece ignorar os alertas sobre a ofensiva ruralista. Ainda na tarde de ontem, os parlamentares aliados das organizações indígenas desistiram de uma reunião com o ministro da Justiça depois de ficar esperando por mais de uma hora e meia. Com a necessidade de aprovar o orçamento e em meio a uma série de acusações sobre corrupção na Petrobrás, os governistas evitam confrontar-se com a bancada do agronegócio, uma das mais poderosas do Congresso.

    Policiais impediram entrada de qualquer pessoa que não os funcionários do Congresso

    Projeto de Lei

    No Senado, o Projeto de Lei Complementar (sem nº) que regulamenta o parágrafo 6º do artigo 231 da Constituição foi retirado da pauta da comissão mista que o analisa por orientação do governo. A perspectiva é de que ele não seja votado mais ainda neste ano.

    Sob a justificativa de regulamentar o conceito de “relevante interesse público da União” no processo de demarcação de Terras Indígenas, o projeto pretende legalizar dentro dessas áreas fazendas, estradas, hidrelétricas e linhas de transmissão, entre outros empreendimentos. O projeto é de autoria do senador Romero Jucá (PMDB-RR). O parlamentar ainda não desistiu de aprovar a proposta. Ontem, ele próprio pediu o arquivamento de outro projeto de sua autoria, que regulamenta a mineração em Terras Indígenas, por considerar que o texto em tramitação na comissão mista é melhor.

    Fonte:
  9. Retrocesso: em meio à crise da água, deputados de SP aprovam lei que reduz matas ciliares

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    A Assembleia Legislativa de São Paulo aprovou na noite de quarta-feira (10) o Projeto de “Lei do Desmatamento” (PL 219/14), que regulariza usos do solo e atividades irregulares em áreas de preservação e diminui a recuperação de APPs (Áreas de Preservação Permanente), deixando desprotegidas as matas ciliares e nascentes em São Paulo. Com a perspectiva de tornar ainda mais grave a atual crise de água no Estado, o PL é alvo de mobilização da Fundação SOS Mata Atlântica, que alerta para os prejuízos e retrocessos que o projeto trará a São Paulo – com a mobilização, conseguiu adiar a votação durante uma semana. O projeto depende agora de uma sanção do governador Geraldo Alckmin para entrar em vigor.

    A coordenadora da Rede das Águas da SOS Mata Atlântica, Malu Ribeiro, que participou da única audiência pública realizada na Assembleia Legislativa com representantes de organizações de defesa do meio ambiente e acompanhou a votação,  apontou problemas técnicos na elaboração do projeto.  Para a SOS Mata Atlântica, o texto substitutivo aprovado sofreu alterações em relação à proposta original, mas repete os mesmos vícios da norma federal e não foi modificado em sua essência.

    “Na prática, todo o retrocesso do novo Código Federal foi agora sacramentado  no Estado de São Paulo”, afirmou Malu. “O projeto cria a possibilidade de exportar reserva legal para outros Estados, para recomposição de reserva legal, e descaracteriza completamente a função legal das Áreas de Preservação Permanente para fins de regularização de usos e atividades que até então eram irregulares. As APPs, de acordo com o novo Código Florestal, continuam tendo a função exclusiva de preservar rios, nascentes e mananciais. Por isso, não podemos aceitar que sua recuperação seja diminuída e desrespeitada”, explica Malu.

    Segundo a especialista, o texto também não respeitou o acordo para a retirada do artigo que trata do uso de culturas lenhosas e espécies exóticas na recomposição (como pínus e eucalipto), em 50% da faixas de preservação permanente para propriedades com até 4 módulos fiscais, consideradas pequenas. “Relacionar a faixa de APP a ser recuperada com o tamanho das propriedades, com base em indicadores sócio econômicos das regiões, sem considerar a geografia, a dinâmica das bacias hidrográficas e dos rios, criando uma espécie de escadinha para as faixas de recuperação ciliar é um absurdo.

    Outra grave ameaça é a diminuição da proteção de nascentes e olhos d’água, por exemplo, cuja faixa de preservação permanente caiu de um raio de 50 metros para apenas 15 metros em áreas consideradas consolidadas. “Resta à sociedade, portanto, denunciar a gravidade do processo de tramitação desse projeto de lei, que não considerou o grande arcabouço legal, técnico e institucional de São Paulo, bem como a crise da água, e cobrar firmeza do Governo do Estado. O governador pode vetar os retrocessos e elaborar  um decreto ampliando a proteção e a recuperação ambiental em São Paulo,  ouvindo os Comitês de Bacias Hidrográficas para garantir água nas regiões de escassez hídrica e  o Consema para as áreas estratégicas para conservação”, explica Malu Ribeiro.

    Em estudos recentes da SOS Mata Atlântica divulgados em outubro deste ano constatou-se que a cobertura florestal nativa na bacia hidrográfica e nos mananciais que compõem o Sistema Cantareira, centro da crise no abastecimento de água que assola São Paulo, está pior do que se imaginava. Hoje, restam apenas 488 km² (21,5%) de vegetação nativa na bacia hidrográfica e nos 2.270 km2 do conjunto de seis represas que formam o Sistema Cantareira. Não restam dúvidas de que o desmatamento da Mata Atlântica e da Amazônia tem relação direta com a escassez da água na região sudeste. Com menos proteção florestal, teremos menos água.

     

  10. Deputados querem aprovar a “Lei do Desmatamento” em SP. Participe nesta terça da mobilização “Sem Floresta não tem Água”.

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    O futuro da água em São Paulo está em risco.  A Fundação SOS Mata Atlântica realiza nesta quarta (9/12) a mobilização “Sem Floresta não tem  Água em São Paulo” contra o Projeto de “Lei do Desmatamento” (PL 219/14), que regulariza o desflorestamento e diminui as APPs (Áreas de Preservação Permanente), bem como as matas ciliares em São Paulo, acentuando a grave situação dos mananciais e bacias hidrográficas do Estado.

    A entidade está organizando um evento por meio das redes sociais no qual os participantes deverão levar um balde vazio para compor uma instalação coletiva que será montada junto ao Monumento às Bandeiras, em frente à Assembleia Legislativa.

    A ação tem como objetivo alertar os deputados estaduais para que não votem o PL 219/2014, que dispõe sobre o Programa de Regularização Ambiental (PRA), o que equivale à regulamentação paulista para implementação do novo Código Florestal brasileiro (Lei Florestal 12.651/12). O projeto está em regime de urgência e poderá ser votado amanhã (9/12), porém contém uma série de pontos problemáticos.

    Confira os detalhes a seguir, acesse o evento no Facebook e compareça levando seu balde vazio! A Fundação conta com sua participação.

     

    Por que a Lei é Prejudicial

    O projeto permite que a recuperação ambiental seja realizada nos biomas fora dos limites territoriais do Estado de São Paulo. Assim, grandes imóveis rurais poderiam deixar de recuperar as florestas paulistas para fazer a compensação da reserva legal em outros Estados, o que ameaça a restauração e a conservação da vegetação de regiões prioritárias para recuperação ambiental, como as localizadas em áreas de estresse hídrico. Em outras palavras, põe em risco a recuperação da vegetação associada à proteção da água. Outro item bastante preocupante no PL 219 é a previsão da diminuição das faixas de recuperação de matas ciliares em APPs, chegando a pífios cinco metros.

    Estudo da SOS Mata Atlântica divulgado em outubro deste ano constatou que a cobertura florestal nativa na bacia hidrográfica e nos mananciais que compõem o Sistema Cantareira, centro da crise no abastecimento de água que assola São Paulo, está pior do que se imaginava. Hoje, restam apenas 488 km² (21,5%) de vegetação nativa na bacia hidrográfica e nos 2.270 km2 do conjunto de seis represas que formam o Sistema Cantareira.

    As florestas naturais protegem as nascentes e todo fluxo hídrico. Por isso, com os baixos índices de vegetação apresentados, não é de se estranhar que o Sistema Cantareira opere, atualmente, com o menor nível histórico de seus reservatórios. “Para ter água é preciso ter também florestas. As árvores são a garantia de água em quantidade e com qualidade”, diz Mario Mantovani, diretor de Políticas Públicas da SOS Mata Atlântica.

    Para reverter essa grave situação, a Fundação defende a proteção do que resta de Mata Atlântica e a manutenção, com rigor, do monitoramento e da fiscalização para evitar novos desmatamentos. O segundo ponto defendido é promover a recuperação florestal, incluindo-se investimentos públicos e privados para restauração florestal e programas de Pagamentos Por Serviços Ambientais (PSA) que recompensem os proprietários de terras, municípios e Unidades de Conservação que as preservarem. Porém, se o PL 219 for aprovado, essas medidas propostas ficam comprometidas no Estado.

    Seguem abaixo mais informações:

     

    Mobilização: Sem floresta não tem água em São PauloLocal: Monumento às Bandeiras, em frente à Assembleia Legislativa de São Paulo.Endereço: Av. Pedro Álvares Cabral, 201 (Assembleia Legislativa)/Praça Armando de Sales Oliveira (Monumento às Bandeiras).

    Dia: 09 de dezembro (terça-feira).
    Horário:
    -10h:
    Concentração e manifestações; leve um balde vazio.

    -12h: Vigília pela retirada do PL 219/2014 da pauta de votação da Assembleia Legislativa e vigília em defesa da Mata Atlântica, do cerrado paulista e dos mananciais;

    -16h: Plenário da ALESP: mobilização para retirada do PL 219 da pauta de votação.

    Saiba mais: https://www.facebook.com/events/803736823021655/

     

RMA