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22
jul
2015

Encontro na Bahia conecta coletores de sementes, viveiristas e restauradores florestais em Rede

Autor: Juliana Ferreira
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O Semente Junta a Gente – Encontro para organização de rede de sementes florestais nativas aconteceu na última quinta e sexta (16 e 17) e deu o pontapé inicial para a formação de uma rede que vai interligar os coletores e produtores de sementes e mudas, a princípio da Mata Atlântica e, posteriormente, da Caatinga e Cerrado. Os cerca de 100 presentes na atividade do Projeto Ações Ambientais Sustentáveis acordaram alguns princípios e estratégias da rede e construíram um grupo gestor para a rede no bioma Mata Atlântica.

O objetivo da rede é fomentar a colheita, produção e comercialização de sementes e mudas florestais nativas no estado da Bahia. Com isso, espera-se preparar o setor para a demanda por restauração florestal que deve surgir, como defendeu Murilo Figueiredo, da Secretaria de Meio Ambiente: “É um momento ímpar para os produtores, tendo em vista a previsão de um aumento significativo na demanda de mudas e sementes, por parte das propriedades que tiverem passivos ambientais detectados através da consolidação do Cadastro Estadual Florestal de Imóveis Rurais (Cefir)”.

Para Renato Cunha, coordenador do projeto executado com patrocínio da Petrobras através do Programa Petrobras Socioambiental, o objetivo do encontro foi cumprido, mas é preciso garantir a continuidade: “Vai ser marcada uma reunião do grupo gestor para detalhar as estratégias que foram definidas. Isso será feito o mais breve possível e a convocação será feita pela Secretaria do Meio Ambiente, que ficou como ponto focal desse grupo˜.

Rede em construção coletiva

Para organizar a rede, a proposta foi uma construção coletiva, contando com a ajuda de parceiros que já acumulam alguma experiência nos temas de interesse. Foram realizadas três apresentações tratando das temáticas regularização de viveiros, estrutura de redes de sementes e organização de movimentos sociais em rede. Em seguida, os participantes dividiram-se em grupos de trabalho e construíram estratégias de atuação focando nesses três aspectos.

De Brasília veio a contribuição da Rede de Sementes do Cerrado, trazida por Alba Cordeiro. Ela frisou a necessidade de identificar o mercado e deu exemplos de como a rede pode auxiliar em processos complexos para os produtores, “as redes que conseguem comunicar a produção e a demanda têm sido bem sucedidas. No nosso caso, entendemos que a rede teria que ser o comercializador devido à dificuldade do pequeno produtor tirar o Renasem”, explica. Um diferencial da Rede do Cerrado é a comercialização de sementes, não só de mudas. Isso só é possível graças à parceria com a Universidade de Brasília, que possui um dos poucos laboratórios no Brasil onde se realizam os testes de germinação exigidos para realizar as vendas.

Lausanne Almeida, do Projeto Arboretum, falou sobre a regularização dos viveiros de acordo com as exigências do ministério da agricultura, processo simples para os coletores de semente, mas complexo e trabalhoso para os viveiristas que vão comercializar as mudas, “É algo inviável quando se trabalha sozinho”, afirma ela. O projeto Arboretum lida com essa dificuldade disponibilizando um técnico para auxiliar os viveiristas na regularização. Além dessa, outra estratégia traçada pelo grupo de trabalho para a rede recém-criada é pressionar para conseguir a flexibilização dessas exigências, principalmente para viveiros de comunidades tradicionais, indígenas, quilombolas e da agricultura familiar.

Grupo de Trabalho discute estratégias e princípios ligados à legislação

Grupo de Trabalho discute estratégias e princípios ligados à legislação

Para falar sobre movimentos sociais trabalhando em rede, Joelson Oliveira compartilhou a experiência do assentamento Terra Vista, do MST, na cidade de Arataca. O assentamento totalmente degradado na entrada das famílias, hoje está bastante florestado graças a um intenso processo de restauração ecológica promovido pelos assentados. O Terra Vista já integra a Teia dos Povos uma rede que além de sementes florestais, trabalha com sementes crioulas. Joelson e o grupo de trabalho defenderam uma intensa troca entre os saberes ancestrais e populares com o saber científico, mais valorizado normalmente. Para conservar a Mata Atlântica é preciso mudar de atitude. A árvore mais estudada hoje é o eucalipto e isso é uma vergonha para as universidades”, critica.


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