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23
jun
2015

Baia de Guaratuba, Serra da Esperança e Corredor Rio Paraná necessitam de modelos de conservação ambiental integrados

Autor: Heloisa Bio
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bicudinho

Foto de Bruno Rennó – Pesquisa Fapesp

Mais do que a preservação ambiental em áreas naturais específicas, o Estado do Paraná necessita consolidar um modelo de conservação integrada do território, em que a proteção de espécies e ecossistemas esteja relacionada à articulação de diferentes segmentos e alternativas econômicas, apontando caminhos para o desenvolvimento sustentável no Estado. Assim, uma proposta de trabalho vem sendo construída na última década para as três grandes ecorregiões paraenses: a Floresta Ombrófila Densa da Serra do Mar, a Floresta Ombrófila Mista ou floresta com araucárias associada a campos naturais, e a chamada “floresta de interior” (Floresta Estacional Semidecidual).

Na Baia de Guaratuba, região de contato da ombrófila densa com outros ecossistemas associados da Mata Atlântica, a história da descoberta da espécie de ave ameaçada bicudinho-do-brejo, vem induzindo há décadas a transformação da paisagem em espaços conservados, a exemplo do processo de regularização fundiária e da implantação da Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Bicudinho-do-brejo.

Com mais de oito projetos aprovados nesta região pela Fundação Grupo Boticário, Fundo Nacional para a Biodiversidade (Funbio) ou Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA), a OSCIP Mater Natura – Instituto de Estudos Ambientais apoiou a construção de ações que implicaram na solicitação do Ministério do Meio Ambiente (MMA) para a declaração de parte da APA da Baia de Guaratuba em Sítio Ramsar, aquele que protege as zonas úmidas do mundo por meio de um tratado internacional. Um programa específico do Mater Natura também vem aplicando técnicas de controle da braquiária d´água e restaurando áreas de ocorrência da espécie, o que tem levado ao sucesso no manejo do capim até a proposta de criação de uma “zona livre de braquiária”.

Vem se buscando também os dados necessários para a elaboração futura de um plano de conservação nacional para as populações do bicudinho-do-brejo encontradas nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Tudo isso implica num monitoramento de longo prazo da dinâmica populacional da espécie – já realizada há mais de dez anos na maior população da espécie, localizada no interior da baia de Guaratuba -, incluindo até a avaliação de eventual influência da mudança climática sobre a densidade de indivíduos do bicudinho-do-brejo.

Envolvendo agricultores e preservando as araucárias

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Foto de http://viagenseroteiro.blogspot.com.br/

“Um projeto como o de elaboração do Plano de Manejo da APA Serra da Esperança, que detém um dos últimos remanescentes de florestas com araucárias do Estado, não acontece sem o esclarecimento e apoio dos agricultores familiares para a regularização ambiental”, destaca Paulo Pizzi, presidente da Mater Natura, cujo trabalho permitiu a recuperação ambiental da região com a restauração de mais de 100 hectares de florestas, em um projeto financiado pelo edital Iniciativa BNDES Mata Atlântica.

Como o esforço tem foco nas pessoas, são os próprios agricultores familiares quem apoiam a recuperação nas propriedades, em áreas degradadas nas margens dos rios e nascentes. Como alternativa, promove-se o uso sustentável de erva-mate para a restauração, com técnicas como o adensamento e o plantio total.

E mais fortemente, a união de uma dezena de instituições da sociedade civil vem permitindo a construção do projeto “Corredor das Araucárias”, patrocinado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA/PDA), para um amplo planejamento regional que integra conservação com atividades econômicas sustentáveis, num Estado onde restaram somente 0,8% das florestas de araucária em bom estado de conservação.

 

No Rio Paraná, corredor aproxima 48 instituições parceiras

O conceito de corredor de biodiversidade é chave para a integração regional e, da mesma forma que ocorre com as matas com araucárias, a ameaçada floresta de interior vem ganhando chances de recuperação, com a formação de um consórcio de instituições que se uniram para: mapear a delimitação física do Corredor do Rio Paraná, as ações de zoneamento e definição de áreas prioritárias para conservação da biodiversidade, bem como, a elaboração de um Plano de Gestão Bioregional.

O trabalho envolveu instituições de vários Estados, como MG, GO, SP, MS, PR SC, RS, com a criação de uma Rede Gestora do Corredor (REGE) e a confecção de uma base de dados cartográficos georreferenciados das áreas prioritárias do território, num processo que ocorre desde 2010.

Para isso, é preciso muita troca de informações e a capacitação para o planejamento territorial, pois as ações irão envolver a própria discussão sobre o desenvolvimento socioeconômico aliado à conservação da biodiversidade.


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